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Mercado Equestre em 2023: um ano de mudanças e otimismo

Uma análise abrangente sobre os principais impactos econômicos, sanitários e jurídicos relacionados ao mercado equestre brasileiro e as expectativas para o próximo ano

Por Orlando Filho, MV. Esp. – EquiAgro Consultoria*

Abertura de novos mercados

A ampliação de possibilidades de negociações junto a novos mercados no ano de 2023, com toda certeza, contribuiu para elevar a credibilidade da equideocultura brasileira.

No corrente ano a abertura de dois novos mercados internacionais para o agronegócio do cavalo, revelou o potencial de expansão do segmento. O país passou a poder exportar embriões congelados de equinos para a Argentina e sêmen equino para o México.

Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a técnica de inseminação artificial de equinos no Brasil registrou crescimento de aproximadamente 70%. Ou seja, em 2024 esta será uma área promissora com possibilidade de expansão para seguir atendendo a novos mercados internacionais.

Um novo cenário para o Mormo

Após muitos anos de discussões, polêmicas e prejuízos econômicos envolvendo o Mormo, em 2023 esta questão sanitária finalmente recebeu a devida atenção e sua legislação sofreu mudanças significativas de impacto positivo.

Com a participação ativa do setor produtivo, através da Câmara Setorial de Equideocultura, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o diálogo aberto com órgãos públicos competentes, resultou em novas diretrizes para prevenção, controle e erradicação do mormo no território nacional, dentro do Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE).

Tal fato, sem dúvidas, pode ser considerado um dos principais avanços para o setor no corrente ano. No entanto, mesmo com a redução da ocorrência de falsos positivos no protocolo de diagnóstico, é bastante provável que em 2024 a doença continue sendo um tema sensível que continuará recebendo atenção, porém; agora com foco em estratégias de vigilância epidemiológica e ferramentas de diagnóstico. 

Os Esportes Equestres ainda estão ameaçados?

Atualmente, tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5728) para questionar a Emenda Constitucional (EC) 96/2017, que considera como não cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais.

O questionamento dessa Emenda coloca em xeque a legalidade das práticas esportivas equestres no país; motivo pelo qual torna o tema de extrema relevância para o segmento.

Em 2023 havia a previsão de que o julgamento da ADI 5728 ocorresse em meados do referido ano, no entanto, foi retirado de pauta. Fato é que 2024 poderá ser um ano decisivo para o futuro dos esportes equestres no Brasil, caso o STF venha a julgar o tema.

Na torcida pelo Hipismo em Paris 2024

Após ótimo desempenho do Time Brasil de Salto, em participação na Copa das Nações, disputada em Barcelona na Espanha neste ano, o Brasil conquistou vaga por equipes nas Olimpíadas de Paris 2024.

Motivo de orgulho pela demonstração de ótimos resultados frente a outras seleções do mundo, a seleção brasileira, portanto, se apresenta como uma das favoritas à medalha. Além de também ter grandes chances na disputa individual devido a qualidade dos conjuntos brasileiros.

A participação do Brasil nas próximas olimpíadas, com chances reais de medalha, revela o trabalho desenvolvido pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) na busca pelo fortalecimento do hipismo brasileiro e trás à tona a valorização desse esporte no mercado equestre.

Considerações

Diante dos fatos apresentados, uma perspectiva desafiadora se apresenta para o próximo ano. As questões sanitárias e jurídicas ainda seguem sendo os pontos de maior atenção em 2024. Contudo, é bem verdade que assim como em 2023, as ações estratégicas caracterizadas pela união de todo o setor, através das Associações de raça e de modalidades, serão cruciais para que o mercado equestre possa enfrentar os desafios e explorar melhor as oportunidades de forma mais assertiva.

Que 2024 seja um ano próspero para todo o mercado equestre brasileiro!

*Orlando Filho -Médico Veterinário, Tecnólogo em Agronegócio e Gestor de Equinocultura. E-mail: ocsf_silva@hotmail.com

Fonte:Revista Horse / Foto:ACCMMB