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[Opinião] Ângelo Coronel, o Lulopetismo e a sucessão de Rui Costa

Por Marco Wense

O polêmico e inquieto senador Angelo Coronel (PSD) volta a preocupar o lulopetismo com suas declarações sobre a sucessão estadual de 2022.

Toda vez que o Coronel é entrevistado, as atenções do mundo político ficam voltadas para o parlamentar, que diz o que tem vontade de dizer, sem fazer arrodeios e usar subterfúgios. O Coronel vai direto ao assunto. Não tem conversinha mole assentada em evasivas e muito cinismo.

A mais recente rebeldia diz respeito à composição da chapa governista para a disputa do cobiçado Palácio de Ondina. O Coronel, ao propor uma majoritária com o PT fora da cabeça e sem a vaga para o Senado, deixa o lulopetismo irritado, tiririca da vida, cuspindo fogo.

Nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, os petistas debocham do Coronel. Alguns até insinuam que o senador não está em boas condições mentais. Tem também os que caem na risada com suas declarações. Para o lulopetismo, a candidatura do também senador Jaques Wagner ao governo da Boa Terra é favas contadas. E a do governador Rui Costa para o Senado da República só depende dele. O resto é oba-oba. Na hora da onça beber água, todos darão suas mãos à palmatória.

Acontece que Angelo Coronel não é uma Lídice da Mata (PSB), que faz o que o PT quer, mesmo tendo sua sobrevivência política ameaçada, como aconteceu na eleição de 2018, quando teve que deixar sua natural candidatura à reeleição para o Senado e correr atrás de uma eleição à Câmara dos Deputados.

PSB e PCdoB são legendas que não entram na pauta do lulopetismo nas discussões sobre a sucessão do governador Rui Costa. São tidas como siglas obedientes, incapazes de qualquer ato que contrarie as articulações do PT. As reivindicações e os interesses legítimos do PSB e do PCdoB são sempre deixados para depois.

Já disse aqui, por mais de duas ou três vezes, que só tem uma maneira do senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, encabeçar a majoritária: o PT fechar um acordo nacional com o PSD em torno da candidatura de Lula ao terceiro mandato presidencial. A causa menor, Wagner candidato, abriria mão para a maior, a candidatura do petista-mor.

O Coronel quer Otto como candidato, João Leão como senador e o PT indicando o vice da chapa. E Rui Costa? E Jaques Wagner? Ambos, pensando na causa maior, a eleição de Lula, acatariam a sugestão do Coronel, evitando assim uma eventual debandada do PP do vice-governador João Leão para o grupo de ACM Neto (DEM).

O lulopetismo não confia em João Leão sentado na cadeira de governador com a desincompatibilização de Rui para disputar o Senado. E o fato de Leão ser do PP, legenda aliada do presidente Bolsonaro, tida como a fiel da balança de um pedido de impeachment, faz com que essa desconfiança fique mais acesa.

No mais, esperar a próxima entrevista do Coronel. Não será nenhum espanto, muito menos uma surpresa, se o “sem papas na língua” vier a defender uma majoritária sem o PT.

PS – Não tem como ACM Neto desistir de disputar a sucessão de Rui Costa. Seria seu antecipado enterro político, sucumbindo de vez suas futuras pretensões políticas. Vale lembrar que Neto desistiu na eleição de 2018. Ser taxado de “fujão” não é uma boa coisa. Outro ponto é que o ex-prefeito de Salvador sabe que a rejeição a Bolsonaro na Bahia é grande e tende a crescer mais ainda, o que faz afastá-lo do bolsonarismo. Neto só tem dois caminhos em relação à sucessão presidencial: ou Mandetta, se sair candidato, obviamente pelo DEM, ou apoiar Ciro Gomes (PDT). Com efeito, o ex-ministro da Saúde, quando questionado sobre a possibilidade de ser vice do pedetista, não consegue disfarçar que pensa na hipótese.