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[Opinião] Candidato a governador da Bahia sem palanque nacional queima a largada

Por Ademário Costa*

O resultado das eleições presidenciais na Bahia desmontam as declarações de Neto sobre a influência de Lula. Nenhum dos resultados do que realmente aconteceu nos processos eleitorais nacionais na Bahia e sua correlação com as eleições para governo, senado, bancadas federal e estadual, sustentam as declarações de ACM Neto. Tentar confundir as eleições para prefeito com eleição para governador e presidente, é no mínimo desonestidade intelectual. As eleições estaduais e nacionais são eleições casadas, na Bahia sempre foram assim: Em 1994 e 1998 a vitória de FHC apoiada pelo DEM que fazia parte do mesmo projeto político fortaleceu o projeto carlista no estado. Em 2002, com a primeira vitória do Lula no plano nacional e na Bahia, o PT com Jaques Wagner chegou em segundo lugar, a primeira vez que Lula venceu no Estado também foi a quando o PT se consolidou como alternativa ao Carlismo, fato esse que levou o próprio ACM avô a tentar vincular sua imagem à de Lula e declarar voto no nosso candidato.

Nos anos seguintes, de 2006,2010 e 2014 o fenômeno se repetiu com as vitórias de Lula,Dilma,Wagner e Rui. 2018 é um ano marcante para fazer essa comparação, naquela eleição o eleitor Baiano votou contra Temer, contra o golpe e contra a prisão de Lula, e deu ao PT a maior vitória da história do partido na Bahia consagrando Rui e Haddad nas urnas. As declarações do ex-prefeito são uma tentativa de se posicionar no cenário político depois dos acontecimentos na política nacional e local que dificultaram o caminho para a concretização de sua ambição de ser governador da Bahia. Ele contribui para enfraquecer a possibilidade de constituir uma alternativa de centro direita a Bolsonaro quando apoiou Artur Lira e garantiu que o governo ganhasse as duas casas legislativas nacionais e ainda conseguisse a vitória política de rachar a centro direita, Neto liderou esse racha retirando o DEM do apoio à Baleia Rossi.

Depois viu seu fiel aliado ser alçado à condição de ministro desse governo desastroso sem que pudesse interferir no processo, óbvio que ele queria ser recompensado por ter dado as costas para Maia e toda a centro-direita , mas não queria que fosse tão evidente a sua participação nesse governo. Nesse caso, o palácio do planalto foi mais esperto e colocou um carimbo enorme de aliado em sua testa.E por fim e mais importante, viu Lula, a maior liderança política do país, ser alçado à condição e de favorito na disputa presidencial. Não sei se ele realmente disse exatamente as palavras que estão na matéria, mas se disse essa tentativa desesperada de apresentar uma narrativa que jogue uma cortina de fumaça e minimize todos esses fatos que quando somados apontam para um quadro duro para o processo eleitoral.

Não existe candidato a governador da Bahia sem palanque nacional, o PT e o seu time e Jaques Wagner já tem candidato e ele se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Já ACM e o DEM, talvez tenham que apoiar o inominável. Não sei os motivos que faz uma pessoa tão experiente na política, que estreou na vida pública, como herdeiro de uma dinastia forjada na ditadura, dizer esse tipo de coisa. Ao invés de mirar em Lula, talvez ele devesse olhar um pouco mais para o que acontece em sua própria base, para os sinais que ecoam da Câmara de Salvador.

*Ademário Costa é presidente do PT de Salvador