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[Opinião] Salvador 474 anos: Seu nome é desigualdade

Por Tiago Queiroz*

Salvador 474 anos. A terra da felicidade, mas que tem na desigualdade a sua mais cruel faceta. Ao mesmo tempo que encanta, apavora. Salvador e seus cartões postais. Barra, Pelourinho, Elevador Lacerda, Porto da Barra… Símbolos da baianidade, alicerçados pelo falso discurso da democracia social e racial. É a Salvador que deu certo! Palco dos turistas e dos endinheirados, protagonistas do capital e na capital. Brancos!

Do lado oposto, as favelas. Nordeste de Amaralina, Chapada do Rio Vermelho, Vale das Pedrinhas, Santa Cruz… Os ditos bairros populares, sempre à margem e esquecidos. Onde habita a gente pobre e preta. Reles coadjuvantes.

Salvador 474 anos. “Africa iô iô”. A Roma Negra! Cidade com maior população afro descendente fora do continente africano. Onde se morre pelo simples fato de ser preto e pobre. “Salvador, meu amor, a raíz. Do canto e candomblé”. Do desrespeito aos símbolos sagrados das religiões de matriz africana, constantemente vítima de preconceirto, sempre folclorizadas, objetificada pelos interesses do capital.

Salvador 474 anos. Sem plumas e paetês. Antes de comemorar, há de se refletir.

Salvador 474 anos. Da população que padece nas filas das UPAS e posto de saúde. Das escolas que caem aos pedaços e dos professores desvalorizados. Das famílias que vivem sem o mínimo de dignidade. Das crianças desassistidas. Da juventude sem oportunidade . Do povo negro sempre marginalizado e estigmatizado.

Salvador seu nome é desigualdade.

*Tiago Queiroz é jornalista

Foto: Fabiano Bastos